Histórico

O Contexto

O PROAHSA, Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde, teve seus primeiros documentos formais encaminhados em 1972. Naquele momento, a saúde no Brasil tratava de maneira muito diferente a todos, classificando cada categoria em um segmento: havia os indigentes, os previdenciários urbanos, os previdenciários rurais e os particulares (poucos eram conveniados). Os excluídos do sistema, formalmente, eram muitos. A gestão deste sistema, quase nenhuma. Havia serviços públicos de saúde - federais, estaduais e municipais - desigualmente distribuídos pelo país. O atendimento em cada um deles era absolutamente separado, e a cada mudança de serviço as pessoas tinham que reiniciá-lo.

Nesta época, o número de hospitais públicos de modo geral era muito reduzido. O grande hospital público universitário de São Paulo era o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Outros hospitais como a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e o Hospital São Paulo eram conhecidos pelo seu atendimento aos indigentes. Os hospitais gerais na região metropolitana, em sua maioria, estavam começando a aumentar em número e boa parte deles almejava um convênio com a Previdência, que iria permiti-lhes aumentar seus atendimentos. Unidades independentes, mesmo hospitais e centros de saúde, eram extremamente raras.

Em São Paulo, a grande sede do ensino em gestão em Saúde era a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. As pessoas interessadas em estudar algo sobre administração tinham pouca bibliografia disponível, não sabendo com clareza onde procurar cursos nem informações. Nos serviços públicos de saúde, quase sempre centros de saúde, a presença dos sanitaristas era incipiente. A grande maioria dos administradores dos hospitais era médico.

Os administradores dos serviços de saúde pouco sabiam a respeito do uso de indicadores de desempenho nas organizações e a divulgação destes indicadores era limitada. A informação não compartilhada era vista como um diferencial estratégico. A Administração era considerada à parte da saúde, estando relacionada apenas à prática empresarial.

O Início do Programa

Os documentos preparados na época da criação do PROAHSA mencionavam a falta de gerência profissional, de bibliografia e de sistemas de informação. Por isto, no nome do PROAHSA foi colocada a expressão “Programa de Estudos Avançados”. Avançados porque era a intenção de seus fundadores, não somente “formar gerentes da mais alta qualificação(...) e dotados de espírito crítico(...)”, mas também garantir a formação de professores e a produção de material de ensino.

Era necessário para isto definir quem seriam os parceiros e buscar apoio, tanto sob o ponto de vista de legitimidade no setor quanto da viabilidade financeira. Em 1972, a área de Administração Hospitalar era desenvolvida com profissionalismo em alguns poucos serviços, entre os quais o HCFMUSP, onde a ideia estava sendo formulada. Para contemplar os conhecimentos teóricos atualizados, legitimados e aplicados na área de administração, buscou-se a parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, EAESP/FGV, uma vez que se tratava de um centro de excelência em formação, tanto para graduação quanto para pós-graduação e sua qualificação na área era indiscutível. A EAESP/FGV prontamente aceitou o desafio de aumentar a competência administrativa em serviços de saúde. Definidos os parceiros operacionais, foi buscado um terceiro parceiro que aceitasse o risco de bancar uma ideia de caráter inovador. A Fundação W. K. Kellogg na época estava interessada em melhorar a área de saúde na América Latina. Assim, dispôs-se a financiar um programa com muitas ideias, duas organizações renomadas, poucas pessoas, porém reconhecidas, e com muita vontade. A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) também ofereceu desde o início seu apoio institucional, inclusive afiançando o programa e seus idealizadores. Sem a confiança e sem os recursos teria sido impossível estabelecer um programa de moldes inovadores.

Os Programas de Ensino

O início do PROAHSA foi praticamente informal, junto à Direção do Instituto Central do HCFMUSP e em seguida junto à Superintendência. Formalmente, porém, sua primeira atividade foi um curso seguindo a lógica dos cursos de especialização já existentes, tanto em Administração Hospitalar quanto em Saúde Pública. O primeiro CEAHS (Curso de Especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde) ocorreu em 1975. Este já apresentava algumas características inovadoras, das quais vale destacar duas: 1) não se restringir a hospitais ou a sistemas de saúde, associando ambos, mostrando a distorção de se fixar em um só; 2) tentar contemplar no seu corpo docente, pessoas experientes na área de saúde e docentes da área de administração.

A seguir, em 1976, começou formalmente a funcionar o programa de Residência Médica em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde. Consta que tenha havido alguns estágios prévios para o estudo da viabilidade do modelo. Este é tão inovador que até hoje causa admiração em quem o conhece, embora não tenha sido reproduzido maciçamente. De fato, não se trata de programa de massa. Ao contrário, o próprio número reduzido de vagas oferecidas anualmente fala a favor de uma supervisão direta, para permitir ao Residente o desenvolvimento adequado de suas atividades. Dificilmente teria sido possível viabilizar este programa fora do HCFMUSP, por uma série de motivos. Entre eles podemos mencionar sua proximidade com uma faculdade de medicina considerada uma das melhores do país. Outro motivo era o próprio HC, que por sua complexidade permitia aos alunos do Programa conhecer tudo o que havia de mais atualizado em termos de tecnologia e organização na área. Além disso, seu prestígio colaborava para atrair alunos de outras faculdades para o Programa. O vínculo com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) deu-se por intermédio da sua inserção no Departamento de Medicina Preventiva.


A partir de 1992, teve início outro programa semelhante para outras categorias profissionais. Este também foi concebido nos mesmos moldes do programa de residência médica, constituído de estágios oferecidos durante o dia em período integral. Foi possível institucionalizá-lo dentro do Programa de Aprimoramento Profissional, com o nome de “Aprimoramento Profissional em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde” (APAHSS), contando com financiamento estadual.

Na intenção de formar docentes e pesquisadores na área, após alguns anos de CEAHS, foi possível em 1978 abrir uma área de concentração em administração hospitalar e de sistemas de saúde no curso de mestrado em administração da EAESP/FGV. Entre os candidatos e alunos do mestrado/HSS, estão alunos dos diferentes programas do PROAHSA listados anteriormente.

Atualmente, temos vários profissionais egressos do PROAHSA que cursaram mestrado e/ou doutorado nas instituições parceiras do programa. Isto mostra que o caminho de formar professores e pesquisadores, além dos profissionais de alto nível, foi seguido intensamente. Muitos de nossos mestres estão inseridos em Universidades por todo país e até fora dele. Isto permite dizer que, embora ainda tenhamos em nosso corpo docente administradores, médicos, enfermeiros, advogados, já contamos também com aqueles de formação híbrida, que faziam parte do almejado por nossos instituidores.

Institucionalização

Em agosto de 2006, agregou-se à parceria HCFMUSP e EAESP/FGV, a participação da FMUSP. Este novo contrato firma mais uma inovação, a FMUSP torna-se a primeira Faculdade de Medicina a iniciar a divulgação e a difusão dos conhecimentos e dos conceitos da área de Administração em Saúde. Em 2010 foi renovada a parceria das três Instituições que dão suporte ao PROAHSA.

O PROAHSA, ao desenvolver estágios nas diversas áreas do Sistema HCFMUSP, atua como agente de mudança promovendo melhorias no setor Saúde, a partir do aperfeiçoamento de processos, eficiência no uso de recursos e envolvimento dos colaboradores. O conhecimento adquirido é divulgado por meio de apresentações, publicações e dissertações acadêmicas. Pode-se dizer inclusive que uma série de parcerias, mesmo que informais, foram estabelecidas com organizações públicas e privadas, seja pelo número de ex-alunos em posições gerenciais, seja por trabalhos executados, ou pelos próprios estágios que tiveram bons resultados para as organizações.

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