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Transferência de habilidades - acolhimento e condução de pessoas com deficiência visual no ICHC

Transferência de habilidades - acolhimento e condução de pessoas com deficiência visual no ICHC

Por Maria Aparecida Onuki Haddad


Ao menos 2,2 bilhões de pessoas apresentam quadros de deficiência visual para perto ou para longe

Apesar do avanço tecnológico das terapias para as doenças oculares, a deficiência visual continua presente em importante parcela da população mundial e em todas as faixas de idade. Globalmente, por estimativas da Organização Mundial da Saúde, ao menos 2,2 bilhões de pessoas apresentam quadros de deficiência visual para perto ou para longe. Em pelo menos 1 bilhão deles, a deficiência visual poderia ter sido evitada ou ainda não houve o acesso a terapias e ações reabilitacionais necessárias. No Brasil, dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) referem que 8,9% da população com mais de 2 anos de idade apresentam alguma deficiência, sendo 3,1% com dificuldades para enxergar mesmo com uso de lentes corretoras. 

A deficiência visual pode levar ao atraso no desenvolvimento global da criança acometida; a dificuldades escolares; a dificuldades laborativas; a dificuldades nas atividades diárias; ao prejuízo na interação social; ao comprometimento da saúde emocional; a orientação e mobilidade reduzidas; ao comprometimento da autonomia e independência.

Dessa forma, acolher o paciente com deficiência visual, dentro do ambiente hospitalar, é fundamental para possibilitar maior conforto e segurança, o que contribuirá para o bom andamento dos atendimentos e terapêuticas dos quais necessita. Foi realizada a transferência de habilidades para acolhimento e recepção de pessoas com deficiência visual dentro do Instituto Central do HCFMUSP para profissionais de diversos setores. 

O treinamento foi realizado pelas Profissionais de Orientação e Mobilidade Silvia da Costa Andreossi e Ligia da Penha Correa de Moraes Alves, integrantes da equipe do Serviço de Visão Subnormal/Reabilitação Visual da Clínica Oftalmológica do HC FMUSP. Foram abordadas informações quanto ao impacto da deficiência visual na orientação espacial e mobilidade do indivíduo e na realização de atividades de vida autônoma. Foram apresentados conceitos importantes referentes à abordagem da pessoa com deficiência visual e técnicas de guia vidente. 

Houve a participação ativa de todos os colaboradores o que contribuirá para a maior acessibilidade dentro do ambiente hospitalar. O Serviço de Visão Subnormal/ Reabilitação Visual da Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (SVSN/RV – HC FMUSP) foi implantado no ano de 1997, sob a liderança do Prof. Dr Newton Kara-José, então Professor Titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pelo Dr. Marcos Wilson Sampaio (o primeiro Coordenador do Serviço) e pela Dra Maria Aparecida Onuki Haddad (atual Coordenadora). A Equipe do SVSN/RV é composta por: médicos oftalmologistas, ortoptista, pedagoga especializada, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, profissionais de orientação e mobilidade e assistente administrativo. 

Os objetivos propostos para o Serviço procuram atender às vertentes de assistência, ensino e pesquisa. Dessa forma, podemos destacar: A assistência aos pacientes com deficiência visual quanto a sua reabilitação visual, por meio da avaliação das funções visuais, da avaliação funcional da visão, da prescrição de tecnologia assistiva (auxílios ópticos, não-ópticos, eletrônicos), de orientações à família quanto à promoção do desenvolvimento da criança com deficiência visual, de orientações à família e à escola quanto à inclusão educacional, do treinamento para uso eficiente do recurso tecnológico prescrito, do treinamento em orientação e mobilidade, de orientações e encaminhamentos para conquista da autonomia e independência. 

Desde sua implantação, mais de 5.000 pacientes da Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas e suas famílias foram assistidas; Ensino de médicos residentes em Oftalmologia quanto à atuação na área da reabilitação da pessoa com deficiência visual, de acordo com orientações propostas pela Sociedade Brasileira de Visão Subnormal, Conselho Brasileiro de Oftalmologia e Conselho Internacional de Oftalmologia (em seu currículo na área de reabilitação visual, ao longo de 3 anos de formação); Capacitação de médicos oftalmologistas na subespecialidade oftalmológica de reabilitação visual (fellowship), de acordo com os preceitos do Conselho Internacional de Oftalmologia. Foram capacitados médicos oftalmologistas procedentes de todos as regiões brasileiras; Capacitação de profissionais da área da saúde, educação e assistência social para atuação junto à população com deficiência visual.

Realizados seminários, cursos e supervisões. Destacam-se: seminários a professores de escolares com deficiência visual atendidos na Clínica Oftalmológica, Curso de Intervenção Precoce a Profissionais da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Curso de Capacitação de Médicos Oftalmologistas da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Cursos Modulares e de Imersão em Baixa Visão para Oftalmologistas; Cursos de Baixa Visão em todos os Congressos de Oftalmologia da USP: cursos pré-congresso , cursos para oftalmologias e cursos para profissionais não médicos das diversas áreas; Realização de estudos e pesquisas na área da reabilitação visual. Destacam-se prêmios recebidos por trabalhos apresentados em Congresso da Sociedade Brasileira de Glaucoma e da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal, entre outros; Publicação de livros e manuais como auxiliares no processo de transferência de habilidades na área aos médicos oftalmologistas e aos demais profissionais atuantes na reabilitação visual; Consultorias e parcerias de trabalho com instituições públicas e privadas. Destaca-se consultorias desenvolvidas ao Ministério da Saúde, às Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, à Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo; Cooperação técnica com Serviço de Reabilitação Visual do Departamento de Oftalmologia da Universidade de Toronto, Canadá, sob liderança do Prof. Dr Samuel N Markowitz; Parceria de trabalho com organizações não governamentais.

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