Inaugurado em 1944, este foi o primeiro prédio a ser construído no complexo do HC. O IC abriga a maioria das especialidades de clínicas médicas e cirúrgicas e é onde está localizada a Unidade de Emergência Referenciada, que presta atendimento aos casos de alta complexidade.
O Instituto Central engloba o Prédio dos Ambulatórios (PAMB), que oferece tratamento a pacientes ambulatoriais, além de contar com áreas de apoio diagnóstico e terapêutico. No PAMB encontra-se o maior centro cirúrgico e a
Divisão de Laboratório Central.
A inauguração das instalações desse complexo hospitalar, complexo na quantidade de elementos e na infinidade de pontos de vistas possíveis, se deu no cruzamento da história do ensino médico, da produção de conhecimentos e da perspectiva de melhores e mais amplos locais de atenção à saúde da população, com que se busca dotar, até hoje, o Estado de São Paulo. A partir dessas perspectivas é possível tentar juntar alguns pontos para contar os momentos iniciais dessa história, sem ousar querer esgotar seus significados, mas pensando que reencontrar personagens e desejos é uma das possibilidades para se revigorar um processo vivo e pleno de significados.
O mais antigo local de acolhimento de doentes em São Paulo, foi a Santa Casa de Misericórdia, que teve diversas ligações com a história do ensino médico paulista e foi fundamental para a criação da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo em 1912. Isso ocorreu tanto pelo início das atividades de clínica geral e de especialidades, quanto pelo ensino prático proporcionado a médicos, estudantes e recém-formados.
No ambiente hospitalar, além de servir para o tratamento e acolhimento de doentes, iniciava-se um processo mais amplo que coadunava novas tentativas de tratamento com a perspectiva da produção de conhecimento científico, através da coleta de dados e da informação sobre doenças ali tratadas. Por outro lado, o hospital assumiu também responsabilidade no tocante ao ensino e a formação de profissionais, atividades que passavam a estar, cada vez mais, alinhadas aos conhecimentos e dos diferentes procedimentos que o trabalho hospitalar impunha.
A Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi criada pela Lei 1.357 de 19 de dezembro de 1912 e regulamentada pelo Decreto 2.344 de 21 de janeiro de 1913. Um dos pontos mais destacados desse projeto de ensino foi a indicação de uma base científica experimental, com ênfase em aulas práticas em laboratórios e prática clínica em diferentes serviços. A preocupação com a investigação esteve presente nas indicações que o médico, Arnaldo Vieira de Carvalho escolhido para o cargo de diretor da Faculdade, fez para a contratação dos professores da nova instituição. Além de todas as atividades os maiores esforços deste primeiro período foram direcionados para a construção de instalações próprias para o funcionamento da Faculdade de Medicina. Neste processo foi de extrema importância a participação da Fundação Rockefeller, principalmente, com as atividades de pesquisa e a melhoria das instalações das cadeiras de laboratório, anatomia, histologia, química, fisiologia e patologia.
A Fundação Rockefeller propôs um modelo de ensino médico para a Faculdade de Medicina que se apoiava em pontos bem característicos como: limitação do número de alunos, 80 por série, introdução do regime de tempo integral, sobretudo para as disciplinas pré-clínicas com a intensificação dos trabalhos de laboratório, admissão de alunos através de prova, a organização das disciplinas no sistema de departamentos e a vinculação do ensino clínico à estrutura de um hospital escola.
O tempo integral era quase uma realidade com a interseção do trabalho desenvolvido em sala de aula e nas dependências dos laboratórios da Rua Brigadeiro Tobias e nas atividades das enfermarias da Santa Casa. A ênfase na pesquisa também era uma proposta convergente com esse modelo. A diminuição no número de alunos era por sua vez uma proposta anterior de Arnaldo. A única grande adaptação seria mesmo a criação do hospital escola, negociada com o governo Estadual.
Na data comemorativa da fundação de São Paulo, 25 de janeiro de 1920, foi lançada a pedra fundamental da sede da Faculdade de Medicina sob a responsabilidade da firma Ramos de Azevedo & Cia. e projetos dos professores Ernesto de Souza Campos, Benedicto Montenegro e Luiz Manoel Rezende Puech. Os trabalhos foram interrompidos durante a Revolução de 1930 e retomados com a mudança na diretoria da Faculdade, naquele ano assumida por Ernesto de Souza Campos, que teve como diretor o colega de comissão Resende Puech.